Séculos de uma percepção dicotômica entre homem e natureza somados à exploração e negligência da mesma levaram a um momento crítico do nosso planeta, em que limites planetários estão sendo ultrapassados. Uma vez que determinados processos sistêmicos ultrapassem essas fronteiras, é possível que as consequências sejam irreversíveis e que a longa estabilidade encontrada durante o período do Holoceno seja abalada. Essa constatação leva a uma necessidade urgente de mudança do modelo societário e civilizacional vigente, tendo a Educação Ambiental crítica um papel fundamental nesse processo. Através da construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes, a Educação Ambiental crítica busca uma transformação para um modelo de sociedade sustentável, sempre considerando o contexto social-histórico de cada local. Visto que cerca de 70% da população brasileira reside na área da Mata Atlântica, este bioma abriga diversas realidades sociais e econômicas e sofre intensa pressão antrópica, de modo que a Educação Ambiental crítica deve ser trabalhada. Nesse sentido, Parques Nacionais são atores importantes, pois afetam e são afetados pelas comunidades que moram no entorno ou dentro deles. Essas Áreas Protegidas, embora historicamente possam ser associadas à prática preservacionista, têm adotado cada vez mais uma postura de inclusão das comunidades em sua gestão. Essa abertura, em conjunto com ações de Educação Ambiental, é extremamente relevante para que essas populações se tornem aliadas à proteção do meio ambiente. Atividades desse tipo, em conjunto com estudos de Percepção Ambiental, são importantes, pois possibilitam a compreensão das inter-relações entre os indivíduos e o meio ambiente, assim como trocas de conhecimentos entre a comunidade local e científica. Essas ações podem contribuir para que a comunidade se envolva no planejamento e desenvolvimento regional, para que o ensino de Educação Ambiental seja repensado e adaptado para cada realidade, e para que os recursos naturais sejam utilizados de maneira mais racional. Dessa maneira, o presente estudo tem o objetivo de avaliar como e se são feitas ações de Educação Ambiental em cada Parque Nacional da Mata Atlântica, como é seu planejamento e avaliação, assim como se eles recebem algum retorno sobre os impactos das atividades e sobre a percepção ambiental das comunidades no seu entorno. Para tal, os Planos de Manejo dessas Unidades foram analisados, questionários foram enviados para os gestores do Parque através da plataforma online Question Pro e estudos em diversos portais de pesquisa foram realizados. A partir disso, foi possível constatar que, em muitos Parques, a Educação Ambiental é considerada uma importante ferramenta para a sensibilização da população e para o estímulo a sua participação, embora raramente seja abordada de forma crítica. Além disso, apesar dos planejamentos para a implantação de programas de Educação Ambiental nas Unidades de Conservação, muitas vezes a falta de recursos financeiros e humanos impede a execução integral desses planos. Por fim, poucos Parques recebem algum retorno sobre o que foi assimilado nas ações e são raras as pesquisas voltadas para a Percepção Ambiental, com o tema geralmente aparecendo brevemente dentro de outros estudos. Essa falta de dados impossibilita a comparação de impressões das comunidades antes e após as atividades de Educação Ambiental, não sendo possível afirmar até que ponto elas estão influenciando suas relações com o meio ambiente e com os Parques Nacionais. Apesar da impossibilidade de destacar o papel exclusivo da Educação Ambiental nesse processo, ficou claro que essas atividades, em conjunto com a criação de conselhos consultivos e a realização de consultas públicas e reuniões, têm integrado cada vez mais os Parques Nacionais da Mata Atlântica com suas comunidades do entorno.